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2ª vítima de intoxicação por metanol em SP tinha 46 anos e havia tomado vodca em bar

Governo de São Paulo confirma segunda morte por metanol A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou neste sábado (4) a segunda morte por intoxicação caus...

2ª vítima de intoxicação por metanol em SP tinha 46 anos e havia tomado vodca em bar
2ª vítima de intoxicação por metanol em SP tinha 46 anos e havia tomado vodca em bar (Foto: Reprodução)

Governo de São Paulo confirma segunda morte por metanol A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou neste sábado (4) a segunda morte por intoxicação causada por bebida adulterada com metanol no estado. A vítima é Marcos Antônio Jorge Junior, de 46 anos, que morreu no último dia 2 de outubro após ser internado em estado grave. Segundo boletim de ocorrência do caso, Marcos bebeu vodca em uma bar da Zona Leste da capital no dia 28 de setembro. Ele estava acompanhado de amigos, mas foi o único a ingerir destilado, enquanto os colegas consumiram cerveja. Na manhã seguinte, Marcos começou a passar mal, teve náuseas e ficou com a visão turva. Ao longo do dia, os sintomas se agravaram e evoluíram para fortes dores no estômago e vômitos constantes. Ele pediu ajuda à companheira durante a tarde. Ele foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, onde deu entrada em estado grave por intoxicação. O laudo médico registrou como causas possíveis da morte: “intoxicação por metanol, insuficiência renal aguda, choque distributivo e morte encefálica”. O corpo de Marcos foi sepultado na tarde deste sábado (4), no Cemitério São Pedro, também na Zona Leste. A primeira morte confirmada por intoxicação por metanol no Brasil foi a do empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos. Morador de São Paulo, ele passou mal em 12 de setembro e morreu quatro dias depois, em 16 de setembro. 2ª vítima de bebida batizada com metanol em SP Reprodução Casos Na manhã deste sábado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o país tinha até o momento uma morte, que também ocorreu em São Paulo. Na oportunidade, ele anunciou a compra de antídotos para quem ingeriu a substância. O governo de São Paulo informou que investiga outras sete mortes com suspeita de intoxicação de metanol. De acordo com a Secretaria da Saúde, ao todo são 162 registros em todo o estado: 14 casos confirmados, incluindo dois óbitos — dois homens, de 46 e 54 anos, ambos moradores da capital; 148 casos ainda em investigação, com sete mortes suspeitas — quatro na cidade de São Paulo, duas em São Bernardo do Campo e uma em Cajuru. 🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal. As autoridades não divulgaram oficialmente a identidade das vítimas, mas a TV Globo e o g1 conseguiram localizar alguns dos pacientes. A seguir, conheça as histórias de pessoas que tiveram a vida profundamente afetada após o consumo de bebidas adulteradas. Radharani Domingos, Bruna Araújo de Souza e Rafael Anjos Martins são vítimas de intoxicação por metanol. Montagem/g1/Reprodução Casos pelo país Além dos casos registrados e em investigação em São Paulo, o balanço divulgado na manhã de sábado pelo Ministério da Saúde incluía casos sendo apurados em outros estados: são 7 em PE, 4 no MS, 2 na BA, outros 2 em GO, 2 no PA, e 1 caso em DF, RO, MG, MT, ES e PI. Adega na Zona Sul No dia 30 de agosto, Rafael Anjos Martins, de 28 anos, comprou duas garrafas de gin, além de gelo de coco e energético, em uma adega localizada na região da Cidade Dutra, na Zona Sul da capital. Em seguida, ele se reuniu com quatro amigos em casa para confraternizar. Nenhum deles desconfiou da adulteração. Rafael Anjos Martins, de 28 anos, está em coma desde 1º de setembro após consumir gin em SP Arquivo Pessoal Poucas horas depois do consumo, Rafael começou a passar mal e foi levado às pressas para o hospital. Os médicos realizaram procedimentos para remover a toxina do sangue, mas o metanol já havia atingido o cérebro e o nervo óptico. Desde então, o jovem está em coma, internado na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital de Osasco, respirando com ajuda de aparelhos. Os amigos, que ingeriram a bebida adulterada em menor quantidade, também sofreram consequências. Nathalia Carozzi Gama contou à TV Globo que a visão foi afetada. "As coisas estavam com muito contraste e muita falta de ar, com mal-estar, um peso no corpo. Eu fui para o hospital, fizeram o exame e viram que estava com metanol”, relatou. Bar nos Jardins Radharani Domingos fala em entrevista ao Fantástico após intoxicação por metanol Reprodução A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu a visão após consumir três caipirinhas feitas com vodca em no bar Ministrão na Alameda Lorena, bairro nobre de São Paulo. O local foi interditado. Ela chegou a ser internada na UTI, onde sofreu convulsões e precisou ser intubada, mas recebeu alta para o quarto nesta segunda (29). “Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada”, disse Radharani ao Fantásrico. No local, a polícia apreendeu cerca de 100 garrafas de bebidas destiladas suspeitas de adulteração. Segundo a irmã dela, Lalita Domingos, ainda não há previsão de alta. "O oftalmologista entrou com tratamentos para reverter o quadro da visão, mas ela [visão] permanece comprometida. Estamos na expectativa de que algo mude." Show de pagode Jovem de São Bernardo é internada após consumir vodca Reprodução; e Adobe Stock No domingo (28), Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, saiu para assistir a um show de pagode com amigos em um bar de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Durante a tarde e a noite, ela consumiu algumas doses de bebida, incluindo um “combo” de vodca com suco de pêssego. Na manhã seguinte, Bruna começou a sentir sintomas como dor intensa no corpo, falta de ar e visão embaçada. Foi levada a uma UPA da cidade, mas seu quadro se agravou rapidamente e ela precisou ser transferida entubada para o Hospital de Clínicas de São Bernardo, onde permanece em estado grave. Familiares relatam que o namorado dela também apresentou sintomas e foi internado em outra unidade de saúde. “Ela estava feliz, se divertindo, e agora a gente não sabe como vai ser daqui para frente”, contou um parente. Whisky em festa Wesley Pereira, de 31 anos, passou mal após consumir whisky em uma festa. Reprodução O caso de Wesley Pereira, de 31 anos, começou em agosto, quando ele participou de uma festa na Zona Sul da capital paulista. Em determinado momento da comemoração, Wesley consumiu whisky que havia sido levado ao local. Poucas horas depois, passou mal e entrou em coma. Desde então, ele permanece internado no Hospital do Campo Limpo. Segundo a família, Wesley sofreu uma série de complicações: teve pneumonia por broncoaspiração, um dos rins parou de funcionar e, quando os médicos reduziram a sedação para tentar acordá-lo, ele sofreu um AVC. “Ele perdeu a visão e a vida dele nunca mais vai ser a mesma”, contou a irmã, Sheilene Pereira Neves. Wesley continua em tratamento intensivo e luta para se recuperar. Vodca adulterada Marcelo Lombardi tinha 45 anos e morava na região do Sacomã, na Zona Sul de SP, divisa com o ABC Paulista. Reprodução/TV Globo O advogado e empresário Marcelo Lombardi, de 45 anos, dono de uma imobiliária familiar na região do Sacomã, Zona Sul de São Paulo, morreu após consumir uma garrafa de vodca adulterada. Segundo a família, ele comprou a bebida em uma adega para beber em casa, sem suspeitar de irregularidades. Na manhã seguinte, Marcelo acordou desorientado, já sem visão, e foi levado ao hospital. O quadro evoluiu para uma parada cardiorrespiratória e falência múltipla dos órgãos. No atestado de óbito, os médicos apontaram o metanol como causa da intoxicação. Marcelo era casado e morava com a esposa e uma cachorrinha. A irmã relatou ao g1 que ele era o pilar da família. “Perdemos a nossa base”, desabafou. LEIA MAIS: Ministério da Saúde negocia com OMS criação de reserva de antídoto para intoxicação por metanol Bar nos Jardins com suspeita de contaminação por metanol é interditado em operação da polícia Casos de intoxicação por metanol em setembro em SP já equivalem à metade da média do ano do Brasil, diz Padilha Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano. Arte/g1